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Mostrando postagens de maio, 2010

Dignidade Filosófica

A dignidade de um filósofo consiste, primeiramente, em uma crença na possibilidade de compreender e dizer o significado de sua experiência mais íntima. Sob a rubrica da verdade, conquistada por um discurso sustentado em um número de premissas fundamentais, ele como que abarca o conjunto dessas experiências num único sistema(*) , interligando proposições significativas e, conseqüentemente, deleitando certa imponência em seu labor e profundidade em seu talento filosófico. Com raras exceções, esse contador de estórias e histórias se utiliza de metáforas representativas de algum movimento que pensa ser capaz de revelar, vislumbrando apreendê-lo pelo esculpir semântico. Não obstante tal dificuldade, esforça-se cada vez mais em uma busca pela totalidade possível do saber. Obviamente que, antes mesmo de se mover por esta crença deliberada, já se reconhece deficitário em relação ao que pensa saber e aquilo que sofre ao viver. Talvez por isto tal crença seja alvo de qualificações que, por vez

A caverna absoluta

O filósofo pré-socrático Xenófanes (+ ou - 580 até 460 a. C.) foi o primeiro filósofo que separou o mundo em dois reinos: o da verdade e o das opiniões. Em seu fragmento nº 34, ele afirma que nenhum homem viu nem nunca verá a verdade, sendo seu único e legítimo reino o mundo das opiniões. É provável que Platão tenha pensado neste fragmento ao defender que os filósofos são os únicos capazes de se libertarem das opiniões e alcançarem a verdade. Mas no que se refere a Xenófanes, a única realidade que compõe o ser humano é o torpor dos limites. segue abaixo o fragmento nº 34: "Pois homem algum viu e não haverá quem possa ver a verdade acerca dos deuses e de todas as coisas das quais eu falo; pois mesmo se alguém conseguisse expressar-se com toda exatidão possível, ele próprio não se aperceberia disto. A opinião reina em tudo" (BORNHEIM, Gerd (org). Os filósofos pré-socráticos. Cultrix, São Paulo: 2007).