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Sobre Platão - A República - Livro I - A busca pela Justiça como Princípio Regulador

O livro de abertura da obra A República de Platão apresenta uma busca pela definição da natureza da justiça. Há uma passagem, entretanto, onde Sócrates expõe a Trasímaco (e presentes) a justificativa de tal exame, afirmando que "devemos analisar melhor o problema, pois não se trata de uma discussão a respeito de uma trivialidade, mas sobre o modo como temos de regular a nossa vida". Tais palavras apontam para a necessidade de se alcançar uma definição precisa e não contraditória que garanta a segurança de uma organização ética e política a partir de tal princípio regulador. A própria ideia (forma) de justiça permite, segundo Sócrates, um modelo para que se construa um sólido sistema jurídico para a pólis. Sócrates afirma, no término do livro I, que não se encontrou o que se buscava.

Compreende-se, com estas passagens, que Sócrates possui a crença na possibilidade da existência de uma definição sobre o que seja a justiça, e que tal definição deva servir de princípio regulador para a vida humana. O que não é exposto no livro I é se tal definição possuiria uma existência em si mesma, para além do ser humano, ou se sua existência estaria condicionada e sustentada apenas por argumentações caudatárias de antíteses. Em outras palavras, a justiça existiria como uma lei eterna, ou seria, antes, uma convenção criada comunitariamente?

A busca do filósofo se orienta, neste contexto, para o exame racional das "crenças silenciosas" de seus contemporâneos, investigando, primeiramente, o que é a noção de justiça, para, em seguida, saber se é uma virtude e se pode tornar o ser humano feliz. 

Sigamos a leitura em busca da compreensão dos pressupostos platônicos.
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PLATÃO. A República de Platão; tradução de Enrico Corvisieri. Nova Cultural, São Paulo: 1999.

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