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Mostrando postagens de novembro, 2012

Sobre Platão - A República - Livros II e III - Escolha e Formação dos Guerreiros

Logo após Sócrates ter mostrado os fundamentos, as características e os setores da cidade sã e da cidade não sã, o filósofo passa a se ocupar do critério para a seleção do melhor guerreiro possível e do critério para a escolha do conteúdo e da forma de melhor educá-lo. Este exame se inicia no final do Livro II e se estende à totalidade do Livro III da República de Platão. O guerreiro será escolhido por possuir um caráter filosófico, irascível, ágil e forte. Entendem-se tais características quanto ao corpo e quanto ao espírito. O corpo do guerreiro deverá ser veloz para alcançar o inimigo, forte para vencê-lo e raivoso o suficiente para desempenhar sua função com coragem; o espírito deverá ser manso para com os amigos, rude (irascível) para com os inimigos e deverá possuir uma índole filosófica, isto é, deverá discernir e identificar quem é amigo de quem não o é. Dever-se-á educar o guerreiro na arte da música e da ginástica, respectivamente. Entendem-se por música os discursos q

Sobre Platão - A República - Livro II - As cidades platônicas: suas qualidades e setores

Platão descreve, no Livro II da República , a origem e a composição de duas cidades: a sã e a não sã (excitada). Duas são as causas que necessariamente unidas geram tais cidades: (1) a impossibilidade de alguém bastar-se a si mesmo; (2) e a necessidade que uma pessoa possui de se juntar com outra para um determinado emprego. A cidade sã é aquela onde se unem ambas as causas com a finalidade de se preservar a espécie e a vida humana – finalidade que se apresenta como necessidade básica de alimentação, moradia e vestuário. Por sua vez, a cidade excitada é aquela onde se acrescentam o luxo e o conforto como metas a serem também conquistadas. O inevitável aumento territorial e demográfico de tais cidades é gerado quando estas duas causas são associadas ao princípio, também defendido por Platão, de que a natureza não fez todos os indivíduos iguais em aptidões e que se torna impossível um único indivíduo executar satisfatoriamente vários ofícios ao mesmo tempo. Com esta associação se pode o

Sobre Platão - A República - Livro II - Fundamentos da cidade e a arbitrariedade socrática

Após Glauco e Adimanto terem, respectivamente, elogiado a injustiça e a aparência de justiça, ambos solicitaram que Sócrates investigasse e dissesse qual a natureza da justiça e quais os bens que ela causa na alma de quem as possui, considerando-a apenas em si mesma e não em suas consequências externas. Sócrates suspeitou, por sua vez, que ao se descrever o nascimento de uma cidade, poder-se-ia observar a justiça e a injustiça aparecendo nela também, e, consequentemente, vendo a justiça num plano maior, como na extensão de uma cidade, poder-se-ia, na sequência, visualizá-la melhor no plano individual, isto é, na alma de quem a possui. Sócrates parte de duas causas para o nascimento de uma cidade: a impossibilidade de um indivíduo bastar-se a si mesmo e a necessidade que sente de várias coisas. A união de ao menos dois indivíduos é a procura da realização de um determinado emprego, isto é, da realização de certa finalidade desejada e buscada por ambos, para o benefício e o prov

Sobre Platão - A República - Livro II - A aparência como caminho à felicidade, segundo Adimanto

No Livro II da República de Platão, depois do discurso do Glauco defendendo a natureza e a origem da justiça, e o porquê a vida do homem injusto ser superior à do homem justo, Sócrates passa a ouvir o discurso do Adimanto, irmão do Glauco, que pretende completar o ponto essencial que este teria omitido. Adimanto procura completar o discurso do seu irmão no que se refere ao poder da aparência para se ter uma vida feliz. Segundo este orador, aqueles que recomendam às pessoas que sejam justas pensam e desejam, no fundo, apenas os benefícios e a reputação que a aparência de justiça causa àqueles que a tem. Mesmo entre os religiosos gregos pode se encontrar os que defendem os benefícios oferecidos pelos deuses àqueles que aparentam justeza. Há também os defensores, entre os povos e os poetas, de que a justiça é boa mesmo sendo difícil, enquanto a injustiça é vergonhosa apesar de fácil domínio e de ser agradável. Dizem eles que a aparência violenta a verdade, mas que é senhora da

Ceebja Londrina - Teatro - "O inferno são os outros"

Estou postando aqui, apesar da baixa qualidade da imagem e do áudio (gravado a partir de um telefone celular), o teatro que realizamos em novembro de 2011 no Ceebja Londrina. Esta peça foi uma adaptação da obra  Huis Clos , do filósofo francês Jean-Paul Sartre, comumente traduzida e conhecida no Brasil pelo nome  Entre quatro paredes . É desta famosa obra que ouvimos Sartre dizendo "o inferno são os outros", frase que deu origem ao título desta apresentação. Agradeço às calorosas participações das alunas envolvidas, Sônia, Vânia, Inês e Rosângela, que por vezes ensaiaram aos sábados no "buração" da Vila Portuguesa, com a minha participação e da minha mulher.

Sobre Platão - A República - Livro II - Glauco e o elogio à injustiça

O Livro II da República de Platão inicia com Glauco classificando três espécies de bens: (1) os que buscamos sem desejar as suas consequências, mas apenas a satisfação de si mesmos, como as alegrias e os prazeres inofensivos; (2) os prazeres que buscamos por si mesmos e por suas consequências, como a visão, a saúde e o bom senso; (3) e os bens que não os buscamos por eles mesmos, mas pelas vantagens que proporcionam, como, por exemplo, a ginástica, a cura de uma doença, o exercício da arte médica ou de outra profissão lucrativa (exemplos do Platão). Em seguida, Glauco questiona Sócrates em qual dessas três espécies de bens ele colocaria a justiça. Sócrates crê ser a justiça pertencente à espécie (2) mais bela para se alcançar a felicidade: à espécie onde buscamos os bens por si mesmos e por suas consequências. Já Glauco diz que a opinião da maioria das pessoas é que a justiça pertença à espécie (3) dos bens penosos que apenas são cultivados pelas recompensas que trazem. Em vista