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Mostrando postagens de 2010

Bode Expiatório

Estou cansado de ser mula Existem pessoas que não suportam as escolhas que fazem Precisam das outras para carregarem o peso do absurdo do seu mundo Não se preocupam se têm artrites, artrozes ou falta de ar A sinceridade não importa mais Os limites só existem para elas, nunca para os outros Deturpam todos os fatos, para que caibam em seus sonhos pequenos Ressignificam a vida pelo olhar tirânico Quando dominam, abusam do poder Quando não conseguem dominar, difamam os rebeldes Precisam do outro para se purificarem Precisam transferir seus pecados urgentemente Que triste! Não sabem celebrar a liberdade Não sabem sofrer a liberdade Sinceramente: Quero minha cabeça de volta.

Espiral Tênue

Você já reparou como a vida se movimenta? Ela parece procurar a si mesma em todos os momentos Totalmente inquieta, não se contenta com repouso algum Mesmo durante o sono cria incessantes estórias para si mesma Lembro dos inúmeros enredos que já me mostraram... Já fui criminoso, herói, anjo e deus Sei como é voar, morrer, cantar e amar Quebrei diversos tabus Paguei diversas penitências Expiei inúmeros rancores Apenas não consegui parar... ainda! E a vigília? Passo da tensão para a ansiedade Do medo para a coragem Da força para o cansaço Da irritação para a alegria Da felicidade para a melancolia Nas relações, nos trabalhos Nas tarefas do cotidiano Nas exigências da sociedade Nas necessidades do corpo Nas atualizações dos sonhos Tudo parece se tecer Tudo parece se tocar Tudo parece se querer Tudo parece se encontrar Só parece... Na verdade tudo se escapa! Quando penso que a vida se explicou Algum enigma corroe a cena Desmorona o chão pseudo fixo Destrona o

Gaia

Abro os olhos! Ouço o que me rodeia. Ao simples som de desajuste, levanto-me, espreguiço-me, vou ver do que se trata. Se algo ameaça invadir meu território, reclamo o mais alto e forte possível: sou destemperada. Solto minha voz em um timbre unicamente meu. Os intervalos temporais que se intercalam entre meus latidos, assemelham-se, por vezes, à uma melodia irritante aos ouvidos de Giles Deleuze (talvez os mais irritantes sons que a natureza já produziu, segundo este filósofo). Depois da ameaça, volto para lubrificar minha arma intimidatória. Observo se tudo continua como antes... Procuro por um som familiar, procuro um sinal de movimentação dentro da casa. Quando encontro vejo a possibilidade de minha rotina chegar próxima do que mais espero em toda a existência: afeto e alimentação. E por fal ar em afeto, adoro os olhos carinhosos dele, adoro o som lúdico de sua voz e o toque de suas mãos denunciando que me ama; não gosto dos limites que ele coloca, embora não faça ideia dos p

Lapso da Eternidade

Participei, em 2007, da IV Ciranda de Poesias de Londrina, concorrendo com duas simplórias poesias (se é que se pode chamar de poesia). Pensei, por um momento, que uma delas poderia ter alguma aceitação. Não achava, porém, que a "poesia" Lapso da Eternidade é que seria escolhida entre as 10 melhores daquele concurso. O certo é que as poesias escolhidas precisavam ser apresentadas ao público. Como consequência dessa exigência, reuni meus amigos Flaicon (violão solo) e Almir (vocal) para me ajudarem nessa difícil tarefa. Imaginei um campo harmônico e o Flaicon ajudou na criação da melodia e dos arranjos. O Almir fez uma das coisas que sabe bem: cantar. O valioso nessa experiência foram os momentos em que nos reunimos para brincarmos de compositores e de apresentadores. A companhia e o incentivo dos amigos estão registradas no vídeo abaixo:

Fronteira

Deixaste-me na fronteira do ser e do nada Na contradição do que sou Palavras sem desejo Desejo sem palavras Como a lebre que foge, condenando a segui-la o caçador, desdenhando e temendo o atirador, com sua inteira astúcia e pavor, só o desejas enquanto por ardor!

Enigmática

Sensação enigmática temperada de satisfação se fez presença em mim. Aquele sono, sonho entorpecido, de súbito se desfez. Estava perplexo! Louca e desconhecida sobriedade vigorava em minhas reações. Estava sendo conduzido, num ritmo ora forte e rápido, ora suave e lento. Alheio expectador de mim mesmo, não conseguia inverter aquele domínio. Estava puro, entregue, Livre da escuridão de outrora. Pelejando comigo mesmo, afastei-me com gracioso sorriso. Atordoadamente respondi, depois que seu significado foi indagado: - és uma bruxa! Estranha e confusa resposta com a gratidão nevada da branca Como se estivesse adestrado, com um simples sinal, mergulhei novamente no poder mágico daqueles lábios que me hipinotizavam desenhando o sentido da vida

Poetiza

Tu, que existes em mim, acorrentada numa escura prisão, entregue, nos contornos sutis de lábios tão macios, a cento e cinquenta milhas de qualquer chão, criaste-nos em tão pontiagudos versos. Como posso me defender ou me recuperar se somente por ti existo? Que tamanha dependência é esta que me invade? Neste último suspiro desesperadamente imploro: - dê-me o esconderijo de tua proteção!

Vermelho

Atordoa-me de todas as formas Palavras, gestos, olhos e prozas Vestidos, algemas, rimas e costas Como sondas tão bem minha queda? Como mostra-nos com tamanha sutileza? És, sem dúvida, uma astuta pintora... E por falar nisso, que cor escolhestes hoje?

UEL

Mãos... Giz... Árvores... Escuridão.... Barulho de uma multidão!. Chuva... Sede... Vento... Sendo... Água escorrendo? Mesa... Cadeira... Vento... Movimento... Filosofias em casamento? Corpos... Lábios... Promessas... Desejos... Beijos em segredo!

Efêmero Haikai

Vossos olhos e vosso sorriso fugidio A responsabilidade outorgada, transferida e pueril Pertenceram-me mais que palavras proferidas Pelos lindos lábios a conjugar meu ser servil. Oh! Racionalidade discursiva... Por que emudeceste diante do abismo da criação? Por que sofreste com a miséria de tua condição? Algo que não sabes o que é, se é que é, ou,. se é que algo possa ser, autodenomina-se Tédio. Será a possibilidade do dizível no limite do significado? Ou será o inefável invadindo vosso sentido atordoado? E a turbulência canórica desse teatro de emoções? Inferno refletido ou reflexivo a subjugar as razões? Impotência para melódia harmônica... Conflito estético-moral.... Tu apenas sondas a condição de espectro espectadora, Condenada que estás a sempre renascer, Procurando o alto... Fugindo do cimento de seu renas... Para que talvez possas, amenizando a dor da ausência, Fugir à dor da prese

Resumo ANPOF 2010

De um ponto de vista cronologicamente inicial, A transcendência do Ego representa um protótipo dos grandes esforços sartrianos, durante aproximadamente 40 anos de produção intelectual, para compreender a subjetividade concreta. Contingência, refutação ao solipsismo, liberdade e responsabilidade são exemplos de alguns temas latentes nessa obra e que nunca foram abandonados por Sartre; pelo contrário, representam o horizonte de sua filosofia. Uma das mais relevantes características da nova diretriz da qual se insere seu pensamento é o abandono de um primado das filosofias do conhecimento para o encontro de um primado ético-existencial que é fundamentado, explorado e afirmado em cada uma de suas análises. Essa obra é iniciada com um breve resumo indicando o principal objetivo de Sartre: mostrar que, ao contrário da maior parte dos filósofos, muitos também psicólogos, o Ego não é uma estrutura nem formal e nem material da consciência: "ele está fora, no mundo ; é um ser do mundo,

Dignidade Filosófica

A dignidade de um filósofo consiste, primeiramente, em uma crença na possibilidade de compreender e dizer o significado de sua experiência mais íntima. Sob a rubrica da verdade, conquistada por um discurso sustentado em um número de premissas fundamentais, ele como que abarca o conjunto dessas experiências num único sistema(*) , interligando proposições significativas e, conseqüentemente, deleitando certa imponência em seu labor e profundidade em seu talento filosófico. Com raras exceções, esse contador de estórias e histórias se utiliza de metáforas representativas de algum movimento que pensa ser capaz de revelar, vislumbrando apreendê-lo pelo esculpir semântico. Não obstante tal dificuldade, esforça-se cada vez mais em uma busca pela totalidade possível do saber. Obviamente que, antes mesmo de se mover por esta crença deliberada, já se reconhece deficitário em relação ao que pensa saber e aquilo que sofre ao viver. Talvez por isto tal crença seja alvo de qualificações que, por vez

A caverna absoluta

O filósofo pré-socrático Xenófanes (+ ou - 580 até 460 a. C.) foi o primeiro filósofo que separou o mundo em dois reinos: o da verdade e o das opiniões. Em seu fragmento nº 34, ele afirma que nenhum homem viu nem nunca verá a verdade, sendo seu único e legítimo reino o mundo das opiniões. É provável que Platão tenha pensado neste fragmento ao defender que os filósofos são os únicos capazes de se libertarem das opiniões e alcançarem a verdade. Mas no que se refere a Xenófanes, a única realidade que compõe o ser humano é o torpor dos limites. segue abaixo o fragmento nº 34: "Pois homem algum viu e não haverá quem possa ver a verdade acerca dos deuses e de todas as coisas das quais eu falo; pois mesmo se alguém conseguisse expressar-se com toda exatidão possível, ele próprio não se aperceberia disto. A opinião reina em tudo" (BORNHEIM, Gerd (org). Os filósofos pré-socráticos. Cultrix, São Paulo: 2007).

problemas do aparecer

Todo aparecimento sempre pressupõe regras em seus limites. Entendo como regras exigências que a mim se impõem sob o risco permanete da transgressão e da possibilidade de uma consequente culpa. Esse reconhecimento me impede de filosofar? Será que o reconhecimento dos limites é um reconhecimento apenas dos meus limites? Um aparecimento é tão individual ao ponto de eu nunca conseguir uma teoria? Se assim for nunca conseguirei me libertar de mim mesmo, reconhecendo os limites do outro também. Este aparecimento, que ainda não sei se é só para mim tal como é, ou se é também para o outro tal como é para mim, talvez contenha regras em um nível de estrutura que não dependa de mim para serem. Ou melhor, talvez dependa na media em que as vivo, mas não na medida em que as crie. E aqui está um problema: se tenho certeza que não criei estas regras, como elas podem ser? Talvez dependam de outro ser para serem; talvez simplesmente sejam assim em seu próprio ser; ou talvez ainda eu as criei sem sa

Ele está entre nós

Constantemente se procura e se compara algum jogador com o Pelé, o rei do futebol. Perguntam se é um novo rei que está entre nós. Isso me traz uma inquietação semântica. Questiono-me o que seria um rei do futebol? Claro, depois me questiono o porquê estou me questionando sobre isso. Mas minha conduta autocrítica não me impede de escrever mais essa banalidade: não sei bem ao certo o porquê... Será que sou tão banal assim? Foda-se! Aí vai! Penso que o Pelé não recebeu o título de rei das mãos do próprio Deus. Ele não é uma encarnação metade divina metade humana: ele foi eleito rei por àqueles que se consideravam seus súditos; por àqueles que o considerava com certo poder para governar. Qual poder seria esse? De que governo estava-se precisando? Os contemporâneos de Pelé jogador visualizaram nele algo tão novo que mudara os parâmetros do futebol. Semelhante a um rei que desbrava caminhos e conduz seu povo a uma terra nova, Pelé conduzia o futebol a uma nova estética. O que de fato o

MESTRADO SANDUÍCHE

Sabe-se que algumas instituições nacionais se destinam ao "fomento da pesquisa científica e tecnológica e à formação de recursos humanos para a pesquisa no país". Po r vezes há disponibilidade de Bolsas para um estágio no exterior: é o que se chama de Doutorado Sanduíche. Na maior parte destas instituições não existe a modalidade Mestrado Sanduíche. Alguns alunos vivenciam, no entanto, seus mestrados como verdadeiros lanches: alguns mais recheados, outros menos. Especifi camente no meu caso, sinto-me como a própria calabresa prensada no meio de um pão, com batatas palha, bastante tomate maravilha, chuchu beleza e, principalmente, muita pimenta m al agueta. São produtos de boa qualidade, oriundos de regiões nobres do país e conservados com muita dedicação - não há dúvidas. Eu também tenho certa importân cia para o la nche, n ão sou qualquer linguiça, apesar de não ser nenhum pepperoni. Me sm o assim, apesar da chapa quente e da demanda dos consumidore s, sou uma boa pedid